quarta-feira, fevereiro 04, 2015

TÁBUAS DE ARGILA EXPOSTAS EM JERUSALÉM REVELAM VIDA DOS JUDEUS EXILADOS NA BABILÓNIA HÁ MAIS DE 2.500 ANOS

Uma nova exposição de antigas tábuas de argila em Jerusalém descobertas no actual Iraque traz à luz pela primeira vez na História a vida diária dos judeus exilados na Babilónia há mais de 2.500 anos atrás.
Desta exposição constam mais de 100 tábuas cuneiformes, um pouco menores que a palma da mão de um adulto, e que descrevem negócios e contratos realizados entre judeus exilados desde Jerusalém, ou convencidos a fazê-lo, pelo rei Nabucodonozor, por volta do ano 600 a.C.

Foi só há quase dois anos que os arqueólogos tiveram a chance de pela primeira vez verem estas tábuas de argila - compradas por um coleccionador israelita rico radicado em Londres - e ficaram estupefactos com o que viram.
"Foi como acertar no jackpot!" - afirmou Filip Vukosavovic, um perito na antiga Babilónia, Suméria e Assíria e que é o curador desta exposição a decorrer no Museu das Terras Bíblicas, na capital de Israel, Jerusalém.

"Começámos a ler as tábuas, e numa questão de minutos ficámos completamente espantados. Elas preenchem um vácuo crítico no entendimento daquilo que ia acontecendo na vida dos judeus na Babilónia há mais de 2.500 anos."
O rei Nabucodonozor foi um poderoso governador recordado pelos famosos "Jardins suspensos da Babilónia" que veio várias vezes a Jerusalém numa tentativa de expandir o seu império babilónico.
De cada vez que ele veio a Jerusalém - e uma das visitas coincidiu com a destruição do Primeiro Templo no ano 586 a.C. - ele forçou, ou pelo menos encorajou o exílio de milhares de judeus para a Babilónia.
Um dos exílios, no ano 587 a.C., viu cerca de 1.500 judeus fazerem a perigosa jornada através dos actuais territórios do Líbano e da Síria até ao crescente fértil no sul do Iraque actual, onde os judeus negociavam, dirigiam negócios e ajudaram na administração do reino.
"Eles eram livres para cuidar das suas vidas, não eram escravos" - afirmou Vukosavovic, acrescentando que nessa questão, Nabucodonozor "não era um governante brutal. Ele sabia que precisava dos judeus para revitalizar a difícil economia da Babilónia."
Estas tábuas, cada uma das quais está gravada com escrita "Acádia", detalha o comércio de frutas e de outros bens, impostos pagos, débitos devidos e créditos acumulados.
A exposição evidencia uma família de judeus ao longo de quatro gerações, começando com o pai, Samak-Yama, seu filho, seu neto, e os cinco filhos do neto, todos portadores de nomes bíblicos judaicos, muitos dos quais ainda estão em uso nos dias actuais.
"Ficámos até a conhecer os detalhes da herança atribuída aos cinco bisnetos" - disse Vukosavovic, acrescentando: "Por um lado, são detalhes aborrecidos, mas por outro lado ficamos a conhecer muito sobre quem eram esses exilados judeus e como é que eles viviam."

O FIM DE UM QUEBRA-CABEÇAS COM 2.500 ANOS
Vukosavovic descreve as tábuas como o complemento de um quebra-cabeças com 2.500 anos. Enquanto que muitos judeus regressaram a Jerusalém quando os babilónios o permitiram depois do ano 539 a.C., muitos outros ficaram, e construíram uma vibrante comunidade judaica que perdurou por 2 milénios.
"Os descendentes desses judeus só regressaram a Israel nos anos 50" - informou Vukosavovic - "uma época em que muitos na diáspora regressaram do Iraque, Pérsia, Iémen, e do Norte de África, para o recém formado estado de Israel."

Shalom, Israel!

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